Há situações que, por mais violentas que sejam, sabemos que depois se dissipam como poeira e não deixam marcas. E há outras que mudam para sempre a nossa vida.
O medo, essa força misteriosa que nos rouba a alegria e o sonho, devia vir no dicionário como antónimo da vontade. O medo é como um terreno minado; nunca o atravessamos mesmo que do outro lado estejam todos os nossos desejos.
Somos o nosso passado e ignorá-lo ou escondê-lo é uma forma de cobardia.
Tento ocupar-me com tudo o que a vida me vai dando, mas há dias em que o vazio é mais forte, em que as palavras não me saem dos dedos para me acompanharem na solidão do meu trabalho, e no qual só elas me podem acompanhar. Há dias em que me sinto cansada, vazia, esgotada, sem nada para dar. E preciso de criar outros estímulos para conseguir sair à rua. Continuar.
Somos nós, com os nossos passos, que vamos fazendo o nosso caminho. Há quem corra demasiado depressa e perca a alma no projecto, há quem mude de ideias e arrisque um atalho, há quem não saiba escolher a melhor direcção quando chega a encruzilhada, há quem deixe pedras pelo caminho para não se perder, se precisar de voltar para trás.
Sei que há uma força estranha que me faz correr.
Uma pessoa só sabe que chegou ao fim quando já passou tudo e sobreviveu.
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