Eles seguem-me, mas eu não faço puto de ideia para onde estou a ir...

sexta-feira, 12 de dezembro de 2008



Portugal é a minha terra e Aveiro a minha casa. E quando acordo de manhã e abraço a ria, sinto uma paz merecida, a tranquilidade daqueles que aprenderam a viver com os seus medos e dou graças à vida por me ter mostrado o lugar onde pertenço. Demorei muito tempo a perceber onde me sentia feliz. Não parei de correr por cansaço ou por não saber que direcção seguir. Acredito que de uma forma natural e inequívoca, fui descobrindo que era aqui que era feliz, que preciso de sol para viver em paz e de respirar os ventos do norte para me sentir completa, feliz.

Poucas pessoas tiveram tanta companhia como eu: fui criada numa casa cheia de amor e tenho os melhores amigos do mundo que me ajudam a pensar, a lamber as feridas, a escolher novos caminhos e a crescer. Mas penso demasiado em tudo, tenho sempre coisas para dizer aos outros e sei que os outros nem sempre têm tempo ou paciência para me ouvir. Fico sempre com a sensação que falta o essencial, que o mais importante ficou por dizer. Habituei-me à companhia dos que me ouviam/liam. Não é só vontade, é necessidade. Eu falo até com as árvores e com as pedras da rua.
Talvez a minha vida seja demasiado poética, exagerada, mas o amor e a amizade é isso mesmo, ou se vive sem limites ou então não vale a pena.

Somos nós, com os nossos passos, que vamos fazendo o nosso caminho. Há quem corra demasiado depressa e perca a alma no projecto, há quem mude de ideias e arrisque um atalho, há quem não saiba escolher a melhor direcção quando chega a encruzilhada, há quem deixe pedras pelo caminho para não se perder, se precisar de voltar para trás.
Não sei que espécie de caminhante sou, para onde vou, não sei.

O amor enquanto paixão é um sentimento muito traiçoeiro. Podemos sentir durante semanas ou meses ou anos que nada é mais certo e verdadeiro, e um dia, por uma qualquer razão pouco relevante, ou mesmo sem motivo, ele desfaz-se, dissipa-se, escapa-se da nossa vida, escorregando como água por entre os dedos, fugindo para sempre. (Margarida Rebelo Pinto in Diário da tua ausência.)
Já senti o amor fugir algumas vezes. Outras, vi-o agonizar debaixo dos meus olhos como um pássaro ferido, a morrer ali mesmo, sem que pudesse fazer nada para o salvar. Ás vezes, o amor mata o amor e é terrível. É das piores sensações que alguém pode viver. Como escreveu um dia Truman Capote “A morte de um sonho é tão triste e dolorosa como a própria morte, merece todo o respeito e o luto daqueles que sofrem”. As minhas últimas relações acabaram assim. Tantos anos da minha vida a lutar por relações sem esperança, sem alegria, sem paz nem entendimento. A única pessoa do mundo mais teimosa e obstinada do que eu foi o P. Nunca conheci ninguém como ele e provavelmente nunca mais vou conhecer. Tão mau caráceter e tão bom coração na mesma e única pessoa: P. Com ele não fui feliz mas também não fui infeliz. Vivi grandes momentos de felicidade. O pior era a visão que ele tinha do mundo. Não foi o amor obsessivo que matou o nosso amor, foi a falta de amor-próprio dele. E a falta de entendimento da forma de olhar para os dias.

Sei que acreditam em mim se vos disser que tentei salvar a minha relação, que lutei com paciência e determinação. Lutei até aceitar que não iria ser feliz com o P. Só desisti quando as forças se esgotaram e entendi que precisava de as ir buscar dentro de mim para me reconstruir sozinha. Quando tudo acabou, a dor da perda, a tristeza de um sonho feito em cacos, o desalento de quem perdeu o jogo na última rodada, ao nascer do dia, foi apenas parte de uma verdade. A outra parte, que até hoje prevalece na minha razão, foi a certeza de saber que nunca seria feliz com ele e que a mudança era uma questão de sobrevivência. Uma pessoa só sabe que chegou ao fim quando já passou tudo e sobreviveu.

Sem comentários:

Enviar um comentário

Sweet messages